Às vésperas das eleições na Venezuela, o governo brasileiro decidiu adotar uma postura de cautela para evitar “ruídos desnecessários”. A votação, marcada para o próximo domingo (28), ocorre sob um clima de desconfiança internacional quanto à transparência do processo eleitoral.
Diplomacia e Prudência
Diplomatas brasileiros enfatizam que este não é o momento para “bate-bocas desnecessários”, mas sim para aguardar a manifestação dos venezuelanos nas urnas com prudência e calma. A estratégia visa também preparar a reação do Brasil após a divulgação dos resultados, especialmente considerando a baixa popularidade do presidente Nicolás Maduro e o otimismo da oposição, liderada por Edmundo González Urrutia.
Tensão entre Líderes
A decisão de manter silêncio veio após uma semana de declarações ríspidas entre o presidente venezuelano Nicolás Maduro e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Lula expressou surpresa com a declaração de Maduro sobre um possível “banho de sangue” caso perdesse a eleição, afirmando que “quando você perde, você vai embora e se prepara para disputar outra eleição”.
Resposta de Maduro
Maduro respondeu de forma irônica, sugerindo que quem se assustou deveria tomar um “chá de camomila”. Ele também criticou o sistema eleitoral brasileiro, alegando falsamente que as eleições no Brasil não são auditadas, o que levou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a cancelar o envio de observadores para o pleito venezuelano.
Postura Oficial
Oficialmente, nem o Itamaraty nem o Palácio do Planalto comentaram as trocas de farpas. Nos bastidores, fontes do governo afirmam que já foram enviados recados tanto ao governo de Maduro quanto à oposição sobre a importância de respeitar o resultado das eleições.
Missão de Observação
Celso Amorim, assessor de Assuntos Internacionais do Palácio do Planalto, viajará para a Venezuela para acompanhar a eleição. Ele poderá se encontrar tanto com representantes do governo Maduro quanto com membros da campanha de Edmundo González Urrutia. A presença de Amorim sinaliza a confiança do governo brasileiro na normalização do processo político venezuelano.
Expectativas e Desafios
A eleição é considerada uma das mais difíceis para Maduro, que enfrenta uma crise de popularidade. A oposição, por outro lado, está otimista, mas o cenário é de incerteza quanto à aceitação dos resultados por todas as partes envolvidas.